Sim, por favor
Não, obrigado
NOTÍCIAS: 17 de janeiro de 2025 (publicada em inglês a 14 de janeiro de 2025)
donate Books CDs HOME updates search contact

Panorama de Notícias
Logo_BEV

Atila Sinke Guimarães
AS ACUSAÇÕES VAZIAS E MAL-INTENCIONADAS DO BISPO WILLIAMSON - PARTE II

No artigo anterior, analisei duas acusações contra o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira feitas em uma palestra do Bispo Williamson que foi postada recentemente no Brasil. Hoje refutarei os próximos dois ataques.

3. A heresia implícita do laicismo

Em seguida, temos o Prelado acusando a TFP de ser culpada da heresia do laicismo. O ouvinte de seu áudio é levado a acreditar que o alegado fato de impedir jovens de entrarem no seminário seria uma heresia conhecida. Então, agora, a acusação sobe para um nível mais alto: torna-se uma heresia. O Bispo Williamson não se abstém de afirmar a quem quiser ouvir que a TFP é herética.

Analiso primeiro o conteúdo da acusação e depois sua forma.

O erro do laicismo ou secularismo condenado pelos Papas Pio IX, Leão XIII e Pio XI diz respeito à separação do Estado da Igreja e as suas consequências – educação civil, casamento civil, registros civis de nascimento e óbito, igualdade de todas as religiões perante o Estado, etc.

Separation of Church and State

O laicismo se refere ao Estado separando-se
de Deus e de Sua Igreja

O Dictionnaire de Théologie Catholique define sinteticamente o laicismo como “remover Deus das instituições, leis e vida, e fundar uma moral independente para uma consciência autônoma.” (Tables, col 2858)

Pio XI em Quas primas condena esse laicismo ou secularismo:

“Como bem sabeis, Veneráveis Irmãos, não foi num dia apenas que esta praga chegou à sua plena maturação; há muito, estava latente nos estados modernos. Começou-se, primeiro, a negar a soberania de Cristo sobre todas as nações; negou-se, portanto, à Igreja o direito de ensinar o gênero humano, de legislar e reger os povos em ordem à eterna bem-aventurança. Aos poucos, a religião de Cristo foi equiparada aos falsos cultos e indecorosamente rebaixada ao mesmo nível. Sujeitaram-na, em seguida, à autoridade civil, entregando-a, por assim dizer, ao capricho de príncipes e governos..” § 22

Vemos, portanto, que quanto ao conteúdo do laicismo, ele não pode ser aplicado à TFP porque esta associação sempre combateu privada e publicamente essa doutrina revolucionária de afastar o Estado de Deus, como se torna óbvio para qualquer um que esteja minimamente familiarizado com suas obras.

No que diz respeito à forma da acusação a prática da Igreja é definir uma heresia como uma doutrina que diverge da Fé Católica em um ou vários pontos, e é professada por uma pessoa batizada que antes estava no seio da Igreja. Assim, por exemplo: Arianismo, Monofisitismo, Monoenergismo, Pelagianismo, Protestantismo, Jansenismo, Modernismo, etc.

Religion defeating heresy

A religião derrotando a heresia e o ódio

Quando uma doutrina não é um erro vindo de uma interpretação errada da Fé Católica, a Igreja a condena como um erro, uma escola de pensamento, uma filosofia ou algum outro nome sem usar a palavra heresia. É o caso dos erros vindos de inimigos temporais da Igreja Católica, como a Maçonaria. Seus erros são designados como Racionalismo, Iluminismo, Comunismo, Socialismo, Nazismo, Fascismo, etc.

Este também é o caso do laicismo ou secularismo, que foi um movimento nascido do iluminismo e aplicado sistematicamente após a Revolução Francesa contra a Igreja Católica por seus inimigos. O laicismo foi caracterizado, como já disse, pela separação do Estado da Igreja, e também pela perseguição do Estado à Igreja. Tais perseguições implicavam o fechamento de instituições religiosas e a deportação de seu clero; daí também o nome anticlericalismo ser usado como sinônimo de laicismo.

Uma vez definida a terminologia, não é difícil chegar à conclusão: a acusação do Bispo Williamson afirmando que “o laicismo é a heresia implícita da TFP,” não é apropriada – nem quanto ao conteúdo do laicismo, ou seja, a TFP de fato promove o oposto do laicismo, nem quanto à forma habitualmente usada pela Igreja Católica para se referir a esse erro: ou seja, o laicismo não é referido como uma heresia.

Então, vemos que o Prelado, ansioso por detratar a TFP, forçou o significado da palavra heresia para caluniar a organização e seu fundador, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira.

Um católico não pode deixar de qualificar essa acusação como intelectualmente incompetente e moralmente pérfida.

4. Plinio se rebelou contra a direção intelectual do Bispo Mayer

Segundo o Bispo Williamson, o Bispo Mayer dirigiu o Prof. Plinio durante toda a sua vida e, em um certo momento, este último se rebelou contra essa influência e rompeu com ele. Como prova para demonstrar a grande capacidade intelectual do Bispo Mayer para exercer tal orientação sobre o Prof. Plinio, o Bispo Williamson se refere extensivamente à obra Carta Pastoral sobre os Erros do Apostolado Moderno como a obra-prima do Bispo Mayer.

Permitam-me tornar públicos alguns dados históricos que são necessários para fazer prevalecer a verdade.

A. Carta Pastoral sobre os Problemas do Apostolado Moderno

As relações entre o Prof. Plinio, o Bispo Mayer e o Arcebispo Sigaud datam de 1933, quando os dois eclesiásticos eram jovens padres e professores do seminário de São Paulo. O Prof. Plinio foi então designado pelo Cardeal Duarte Leopoldo e Silva, Arcebispo de São Paulo, como diretor do semanário O Legionário da Arquidiocese. O Padre Mayer era o assistente religioso do jornal. A colaboração era muito próxima entre os três, e eles concordaram em defender os ideais da Contra-Revolução e consultar uns aos outros em suas iniciativas.

Carta PAstral sobre problemas do apostolado moderno

Uma carta pastoral escrita por um autor leigo

Embora muito capaz como professor e como administrador, o Bispo Mayer não tinha um talento marcante para escrever. É por isso que sua obra principal, a Carta Pastoral sobre os Problemas do Apostolado Moderno, não foi escrita por ele, mas pelo Prof. Plinio. Uma vez que a prática de os prelados terem ghost-writers não é rara na Igreja, o Bispo Mayer não teve nenhum problema especial em aceitar esse fato. A única condição que ele colocou foi que para não mentir ele escreveria algo naquela obra.

Então, ele e o Prof. Plinio concordaram que este último ditaria em francês partes da obra ao Bispo Mayer para que ele pudesse dizer em paz de consciência que ele a tinha escrito. Todo membro mais antigo da TFP sabe desse fato e da origem desse livro. Por razões operacionais, tive em mãos os manuscritos originais dessa obra e posso atestar diante de Deus que esta é a verdade. Estou tornando isso público não para diminuir o Prelado, mas para fazer a verdade prevalecer, uma vez que essa obra está agora sendo usada como um argumento contra o Prof. Plinio.

É irônico que para provar que o Bispo Mayer era uma grande mente que tinha capacidade de influenciar o Prof. Plinio, o Bispo Williamson exaltou os méritos daquela obra em particular, sem perceber que estava indiretamente dando provas do oposto do que queria provar.

Aliás, outras duas famosas cartas pastorais do Bispo Mayer que tiveram grande influência e aumentaram sua fama foram a Carta Pastoral contra o Divórcio e a Carta Pastoral sobre os Cursilhos de Cristandade. A primeira foi escrita por Dr. Arnaldo Xavier da Silveira, e a segunda por uma comissão da TFP.

Também no livro Reforma Agrária Questão de Consciência, assinado pelo Arcebispo Sigaud e Bispo Mayer junto com o Prof. Plinio e o economista Luis Mendonça de Freitas, a contribuição intelectual dos dois Prelados foi mais simbólica do que efetiva, o que não os priva do mérito de fazer a ação muito nobre de endossar o trabalho intelectual daqueles estudiosos leigos.

Assim, o que se torna evidente é que as grandes obras do Bispo Mayer que lhe deram fama de intelectual não foram escritas por ele.

Então, o principal fato apresentado pelo Bispo Williamson para provar a enorme capacidade do Bispo Mayer não é conclusivo. Antes, prova o oposto, ou seja, que foi o Prof. Plinio e outros leigos que generosamente emprestaram seus talentos intelectuais para aumentar a fama daquele Prelado.

B. Respeito constante e consultas mútuas

Na vida normal da TFP, quando o Bispo Mayer estava presente em São Paulo, o Prof. Plinio lhe dava primazia, colocando-o em assento de honra, pedindo-lhe que presidisse a reunião, insistindo que ele dirigisse algumas palavras ao público. As portas de qualquer reunião da organização estavam sempre abertas para ele, e ele sempre era consultado quando surgia um problema doutrinário.

Eventos relevantes para provar a cordialidade das relações foram o banquete que a TFP ofereceu ao Bispo Mayer em maio de 1973 em comemoração de seu jubileu de prata (25 anos como Bispo). Também em outubro de 1977 a TFP fez uma sessão solene em uma de suas sedes com centenas de membros presentes para comemorar seu jubileu de ouro (50 anos de sua ordenação sacerdotal). Aquela sessão foi seguida por um banquete oferecido pelos diretores em um dos prestigiosos restaurantes de São Paulo.

Quando o Bispo Mayer não estava presente em São Paulo, o Prof. Plinio o chamava e ao Arcebispo Sigaud para consultá-lo sobre qualquer posição pública da TFP que envolvesse a doutrina católica.

Mesmo após a ruptura, quando o Bispo Mayer se aproximava da morte, o Prof. Plinio se ofereceu para ir a Campos visitá-lo e restabelecer relações. Esta oferta teria sido particularmente difícil de ser realizada, pois o Prof. Plinio estava em cadeira de rodas e aviões grandes não podem pousar no aeroporto de Campos, o que implicaria uma viagem de São Paulo ao Rio de avião, seguida de uma viagem de carro do Rio a Campos (uma viagem de 4 horas). O Bispo Mayer não aceitou a oferta.

Então, vemos que a acusação de que o Prof. Plinio rompeu com o Bispo Mayer por rejeitar sua influência acadêmica é intelectualmente completamente infundada e é moralmente irrelevante.

Continua
Compartilhe

Blason de Charlemagne
Siga-nos