Panorama de Notícias
Na Parte I desta série, refutei duas falsas alegações do Bispo Richard Williamson nas quais ele acusava o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira de fundar a TFP para se afastar do clero e "paralisar as vocações para o seminário." Na Parte II, mostrei a falsidade da declaração de Williamson de que a TFP havia implicitamente caído na "heresia do laicismo" e que o Prof. Plinio se rebelou contra a direção intelectual do Bispo Mayer.
Hoje, encerrarei essa refutação examinando as duas acusações restantes: o Prof. Plinio rompeu com o Bispo Mayer por orgulho, e ele estabeleceu um culto de personalidade a si mesmo.
5. Plinio rompeu com o Bispo Mayer por orgulho
O raciocínio do Bispo Williamson é que o Prof. Plinio era muito orgulhoso e queria estabelecer um culto a si mesmo. Esta seria outra causa da ruptura com o Bispo Mayer.
Aqui no Item 5, abordarei as reais causas da ruptura entre os dois. No item 6, abordarei a acusação de culto à personalidade.
Causas reais da ruptura entre o Bispo Mayer e o Prof. Plinio
A fim de permitir ao público fazer uma avaliação objetiva desse caso, relatarei agora as reais razões da ruptura da antiga aliança formada entre o Arcebispo Sigaud, o Bispo Mayer e o Prof. Plinio.
A. O Concílio
A primeira rachadura na longa colaboração dos três líderes mencionados foi causada pelo Concílio Vaticano II.
Quando o Concílio foi convocado por João XXIII em janeiro de 1959, o Prof. Plinio chamou os dois Prelados e ressaltou a necessidade deles estudarem e estarem preparados para os debates, pois os progressistas trariam seus teólogos mais preparados para impor sua agenda. Os dois não levaram aquele conselho a sério.
Na Primeira Sessão (1962), o Prof. Plinio foi a Roma para auxiliar os dois Prelados e trouxe consigo uma delegação de cerca de 20 secretários leigos para ajudar. Foi por iniciativa do Prof. Plinio e pelo trabalho desses leigos que foram feitas dois enormes abaixo-assinados: a) Um pedindo aos padres conciliares que condenassem o comunismo; b) Outro pedindo ao Santo Padre que consagrasse a Rússia ao Imaculado Coração de Maria, segundo o pedido de Nossa Senhora de Fátima à Irmã Lúcia.
Sigaud e Mayer poderiam ter encerrado o Vaticano II, mas ficaram com medo de enfrentar a Assembleia
Se isso tivesse ocorrido, muito provavelmente as outras três sessões teriam sido canceladas e o Vaticano II não teria tido as consequências que teve. Os dois Prelados ficaram com medo de fazê-lo.
Dada a recusa dos dois Prelados, o Prof. Plinio não retornou para as últimas três sessões.
Quando o Concílio terminou em dezembro de 1965 e os dois Prelados retornaram ao Brasil, o Prof. Plinio foi recebê-los no Rio. Em uma reunião que os três tiveram naquela ocasião em presença de outros membros, os dois Prelados – que haviam assinado todos os documentos do Concílio – disseram ao Prof. Plinio: “Agora, temos que ajustar as cabeças dos membros da TFP para que eles aceitem o Concílio.” O Prof. Plinio respondeu: “Vossas Excelências podem cozinhar o Concílio do jeito que quiserem, eu nunca o comerei.” Isso representou outra rachadura na aliança que havia começado em 1933.
Mais tarde, o Bispo Mayer, embora sempre celebrasse a Missa Tradicional em Latim, permitiu que muitos padres e ordens religiosas inteiras em sua Diocese – os Redentoristas e Salesianos, por exemplo – celebrassem a Missa Nova, deixando a cada padre a escolha de celebrar qualquer uma das duas Missas.
Questionado por que assinou todos os documentos do Vaticano II, o Bispo Mayer respondeu: "Era apenas uma formalidade..."
Essas duas posições do Bispo Mayer – sua aceitação parcial da Nova Missa e do Concílio – contribuíram para enfraquecer a aliança com o Prof. Plinio, o qual rejeitou todo o Concílio e seus frutos. No entanto, a aliança dos dois continuou até 1983.
O Arcebispo Sigaud romperia a aliança dos três líderes alguns anos depois do fim do Concilio porque acreditava que a tomada militar do poder no Brasil – 1964 – havia iniciado o Reino de Maria previsto em Fátima. Consequentemente, ele apoiou a reforma agrária do regime militar, enquanto o Prof. Plinio a combateu. Ele também apoiou a Reforma Litúrgica de Paulo VI, enquanto o Prof. Plinio não a aceitou.
Publicamente, o Bispo Mayer tomaria uma posição melhor sobre o Vaticano II e continuaria a aliança com o Prof. Plinio.
A aliança dos dois líderes ainda estava em vigor em 1978, quando tanto a Diocese de Campos quanto a TFP sofreram um forte ataque publicitário feito pela TV Globo e ambos a enfrentaram juntos valorosamente.
B. A influência do Pe. Fernando Rifan
Foi nessa época – 1978 – que um jovem padre da Diocese de Campos começou a ganhar o ouvido de Dom Mayer. Logo ele se tornaria seu conselheiro. Ordenado padre em 1974 Fernando Areas Rifan sempre teve um forte ódio pelo Prof. Plinio e pela TFP. Ele tinha a capacidade própria aos intrigantes ardilosos e começou a mudar a posição tradicionalista de Dom Mayer e indispô-lo com o Prof. Plinio.
Em relação ao trabalho doutrinário/jurídico de Rifan, ele convenceu Dom Mayer que alguns princípios do Personalismo e da Teologia do Corpo de João Paulo II estavam corretos. Por exemplo, no início da década de 1980, em uma reunião no auditório da TFP, em São Paulo, em resposta a uma pergunta, o Bispo Mayer afirmou que não havia nada de errado em uma mulher usar biquíni na praia; o que seria errado seria o homem que a olhasse com luxúria.
Um simpático João Paulo II recebendo o Bispo Mayer com o Padre Rifan em 1981; abaixo, o Padre Rifan e Monsenhor Lefebvre ajudando um frágil Bispo Mayer em Écône, 1988
Foi também o Pe. Rifan que convenceu o Bispo Mayer a ir a Écône em 1988 para consagrar junto com Monsenhor Lefebvre os quatro Bispos da FSPX. Como pagamento por conseguir esse apoio, Rifan ganhou total acesso à cúpula diretiva daquela organização e uma voz decisiva nela.
Mais tarde, ele abandonaria a posição da FSPX para se tornar Bispo. Como moeda de troca da barganha com o Vaticano, ele aceitou oficialmente o Concílio e a Missa Nova.
Quanto à detração de Rifan à TFP, ele estava sempre falando contra o Prof. Plinio e a TFP e repetindo a calúnia de que eram anticlericais. Quando em 1983 um membro da TFP – professor de escola secundária Orlando Fedeli – rompeu com o Prof. Plinio e deixou a organização com a acusação de que a TFP havia se transformado em uma seita para adorar o Prof. Plinio e sua mãe, Rifan encontrou naquelas falsas acusações a matéria que procurava para colocar Dom Mayer contra o Prof. Plinio.
Para tornar a ruptura irreversível, Rifan agenciou para que Fedeli fosse levado a Campos e o induziu a pedir a Dom Mayer uma opinião teológica sobre uma “ladainha” imprudente que dois adolescentes fizeram em homenagem a Dona Lucilia, a respeitável mãe do Prof. Plinio que morrera em 1968. Tal “ladainha” havia circulado entre alguns jovens da TFP sem o conhecimento do Prof. Plinio.
Um ambicioso Rifan concelebrando a Missa Nova com Francisco: uma carreira de constantes traições
Rifan apoiou as queixas de Fedeli tanto quanto possível e convenceu o Bispo a escrever uma opinião teológica condenando a “ladainha.” Este último emitiu uma opinião e a declarou herética. Dessa condenação procede outra acusação da FSPX de que a TFP é herética.
Em seguida, a TFP fez sua defesa (veja minha resposta à objeção 6) e a mostrou a três teólogos famosos de Salamanca – Pe. Victorino Rodriguez, Pe. Royo Marin e Pe. Allonso Lobo – que declararam oficialmente que as acusações de Fedeli haviam sido objetivamente refutadas e que eles não encontraram erros doutrinários na defesa da TFP. Quanto à mencionada “ladainha,” os teólogos afirmaram que o conteúdo não era herético, embora imprudente, e elogiaram o Prof. Plinio por tê-la proibido tão logo ficou ciente dela.
Sobre a condenação do Bispo Mayer, eles declararam que a “ladainha” não era herética ou blasfema e que sua opinião tinha sido apressada, sem levar em consideração que a “ladainha” havia sido feita por adolescentes e não poderia ser considerada como prova do pensamento da TFP.
Infelizmente, Dom Mayer mais uma vez fora enganado por Rifan. O Bispo nunca respondeu à refutação daqueles renomados teólogos espanhóis. No entanto, Rifan venderia as histórias de Fedeli para a FSPX. A diatribe do Bispo Williamson mostra que essas falsas acusações ainda continuam a reverberar dentro dos muros da FSPX.
6. Plinio fundou um culto ridículo à sua personalidade
O Bispo Williamson mencionou de passagem que o Prof. Plinio se afastou de Dom Mayer para fundar um “culto ridículo” à sua própria personalidade.
A. Culto à personalidade
É surpreendente que um Bispo de uma organização que é conhecida como “os Lefebvristas” porque venera como santo seu fundador, bem como sua mãe, faça um caso público de outra organização que venera seu fundador como um grande católico e cujos membros rezam pela intercessão de sua mãe em suas dificuldades pessoais.
Na verdade, é uma prática universalmente aceita na Igreja Católica que uma ordem ou um movimento seja chamado pelo nome de seu fundador como um reflexo da veneração que seus membros prestam a ele: os beneditinos, os franciscanos, os dominicanos são alguns dos representantes mais ilustres e famosos de inúmeros outros casos que seguem essa regra.
Ele segue o conselho de Voltaire: 'Menti, menti... alguma coisa sempre fica'
Também é condenável o culto aos fundadores de certas seitas, como o culto irracional a Jim Jones, o estranho líder de uma seita americana que se mudou para a Guiana e acabou cometendo um suicídio coletivo.
Portanto, quando um mal-intencionado Williamson acusou o Prof. Plinio de fundar um “culto à personalidade,” ele estava implicitamente aludindo a um dos dois casos condenados que mencionei. Trata-se de uma calúnia grave, que não deveria ser proferida por um Bispo que pretende ser representante da Igreja Católica e dizer a verdade. É grave porque o Dom Williamson sabe perfeitamente que está mentindo.
B. Plinio fundou um culto ridículo ou (extravagante)
Como mencionei acima, a acusação geral de que o Prof. Plinio fundou um culto foi baseada no testemunho do Sr. Orlando Fedeli em 1983. Este homem arrolou muitas dados específicos que supostamente provariam que haveria um culto ao Prof. Plinio. A TFP publicou uma refutação detalhada a cada um dos pontos específicos de Fedeli que mostrava a completa falta de fundamento dele em concluir que havia um culto ao Prof. Plinio.
Esta obra – Refutação da TFP a uma Investida Frustra – foi enviada para ser analisada pelos mesmos rigorosos teólogos da Escola de Salamanca – os Dominicanos Pe. Victorino Rodriguez, Pe. Royo Marin e Pe. Allonso Lobo – e recebeu sua interia aprovação e uma garantia definitiva de que nada havia contra a doutrina católica.
Esse livro foi escrito por três escritores. Tive a honra de ser o autor da parte mais decisiva daquela refutação. Quem quiser ler este livro em inglês pode clicar aqui, em português, aqui.
Williamson conhece estes dois livros mas continua a espalhar as calúnias que eles refutam
Era algo inteiramente espiritual, sem nenhum vínculo de pecado, e muito menos coercitivo do que um voto de obediência. Essa refutação também recebeu a aprovação daqueles mesmos teólogos de Salamanca como sendo inteiramente ortodoxa. Tive a honra de ser seu autor. Quem quiser lê-la em inglês pode clicar aqui, em português, aqui.
Ora, quando esses livros foram publicados, eles foram enviados a todas as pessoas que foram atingidas pelas calúnias venenosas daqueles traidores. Tenho certeza de que os diretores da FSPX receberam cópias daquelas obras.
A essa certeza devo acrescentar outro fato indiscutível do qual dou testemunho. Em 2002, quando eu havia publicado apenas três dos 11 volumes da minha coleção sobre o Vaticano II, recebi um telefonema do Bispo Williamson perguntando se ele poderia me visitar em Montebello, Califórnia, para ler os oito volumes ainda não publicados. Eu concordei. Ele se hospedou na casa paroquial da FSPX em Arcádia por quatro ou cinco dias, e todos os dias ele passava cerca de cinco ou seis horas na sede de TIA lendo um dos manuscritos que eu havia escrito em português.
No primeiro dia em que ele veio, eu tinha sobre a mesa de meu escritório os dois livros que escrevi defendendo o Prof. Plinio e a TFP dos mencionados ataques. Dirigi-me ao Prelado com aproximadamente estas palavras: “Antes que Vossa Excelência comece a ler meu trabalho sobre o Concílio, eu me ofereço para discutir com o senhor qualquer uma das acusações que a FSPX espalha contra o Prof. Plinio e a TFP. Os livros estão aqui como pontos de referência.” Ele me respondeu: “Eu conheço esses livros. Não quero abordar essas acusações.”
Williamson, voluntariamente cego à realidade, deve negar suas calúnias antes de se apresentar diante de Deus
Agora, o áudio que recebi recentemente foi postado no Brasil no final de dezembro de 2024 afirmando que sua data original é janeiro de 1999. O Bispo Williamson deveria saber em 1999 o que ele me disse em 2002 sobre essas refutações, já que os dois livros foram publicados respectivamente em 1984 e 1985. Se ele ainda tivesse algumas objeções, ele poderia tê-las abordado comigo para saber as respostas. Ele não o fez.
Naquele áudio, sua única referência a essas refutações foi a frase: "Eles as negam veementemente [as acusações que ele estava repetindo]." Ele não deu nenhuma prova contrária a essas refutações. Ele simplesmente considerou as refutações como inexistentes e continuou a repetir para seu público as mesmas calúnias como se fossem a verdade.
Agora, elas são mentiras e calúnias comprovadas. Portanto, isso mostra claramente que o Prelado não toma a verdade na menor consideração. Ele repete as mesmas mentiras que foram refutadas 35 anos antes porque quer destruir o bom nome do Prof. Plinio e da TFP.
Então, minha conclusão a essa acusação é que ela é intelectualmente falsa, absolutamente inverídica e moralmente perversa e contumaz.
Não sei bem o que o Bispo Richard Williamson dirá quando comparecer diante de Deus, a Verdade Subsistente. Espero que, enquanto ainda há tempo para ele nesta vida, desfaça o mal que fez e ainda faz ao espalhar calúnias sobre o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, um dos maiores católicos da História da Igreja.
Observação final
Alguém pode me perguntar: uma vez que você foi expulso da TFP em 1998, por que a está defendendo em 2025?
Minha resposta: os ataques do Bispo Williamson se referem ao tempo em que estava na TFP. Após a morte do Prof. Plinio em 1995, a TFP foi devorada por tubarões, tubarões internos a serviço dos inimigos externos. Hoje, nos poucos lugares onde o nome da TFP ainda é permitido, ela é proibida por seus diretores de atacar os verdadeiros inimigos da Igreja e da Civilização Cristã. Sem atacar esses inimigos, a TFP fica reduzida a um fantasma. Quanto a mim, continuo a luta como era no tempo do Prof. Plinio, por isso eu me identifico com aquela TFP pré-1995.