Beato Francisco Palau,
'Vou aonde a glória de Deus me chama'

Deixamos o Beato Francisco Palau, o grande Profeta Carmelita contrarrevolucionário (Parte I), exilado na França após a derrota dos carlistas na Primeira Guerra em 1840. Por 12 anos ele viveu como eremita em uma gruta nos bosques que cercam o Santuário de Notre Dame de Livron no sul da França.

Mais uma vez ele se rendeu ao seu amado isolamento do mundo, envolto em contemplação, oração e meditação sobre a Revelação. Mas esta é apenas uma dimensão deste Profeta contrarrevolucionário. Longe do mundo, ele, no entanto, acompanhou de perto os assuntos do dia, e não temeu falar para alertar o povo sobre os males da Revolução que ele viu se espalhando na vida política e social da época.

Mais tarde, ele escreveria como essa percepção dos eventos que lhe foi dada não era apenas sobrenatural: “Os eventos estão ligados uns aos outros, no passado, presente e futuro. Juntos, eles formam a história da sociedade humana. Em vista dos antecedentes, julgamos pelo hoje o que será o amanhã. Este julgamento é propriedade de qualquer homem com visão de futuro.” (1)

Além disso, um grupo de discípulos se reuniu ao seu redor, dando origem a um núcleo de eremitas que foram as primeiras sementes do futuro ramo da Ordem Carmelita que ele encontraria.

A Escola da Virtude e outro exílio

Retornando do exílio para Barcelona em 1851, para o centro da agitação comunista fervente, o Beato Palau fundou a Escola das Virtudes, uma obra catequético-apologética ousada e inteligente que deu muitos frutos.

Os professores, orientados por ele, davam aulas de doutrina católica e refutavam argumentos contrários ao ensinamento católico, especialmente os erros do socialismo, comunismo e ateísmo. No final da aula era feito um Ato de Fé com base nas teses apresentadas, e o professor concluía a sessão com uma breve palestra.

Artigos maliciosos da imprensa esquerdista e panfletos anônimos inflamatórios eram espalhados para caluniar a obra do Beato Palau. Ele era acusado de dividir a classe trabalhadora, de levantar trabalhadores contra o governo, de celebrar serviços sinistros, de inventar conspirações jesuítas infames e de praticar o que os demagogos posteriores chamariam de “lavagem cerebral” em vítimas pobres, que eram “seduzidas e escravizadas mentalmente” em confessionários e sacristias. (2)

A impressão deixada por sua Escola de Virtudes entre o povo era tão forte que, mesmo depois de fechada, a propaganda contra ela continuava.

Na ilha de Vedrá

Levado a julgamento pelos liberais, o Beato Palau foi condenado e forçado ao exílio novamente, desta vez na Ilha de Ibiza, nas Ilhas Baleares, aonde chegou em abril de 1854.

Nas Ilhas Baleares, o Beato Palau fundou a Congregação dos Irmãos e Irmãs Carmelitas (1860-1861). Ele também pregou missões extremamente populares nas ilhas e na península. Em todos os lugares, ele divulgou a devoção mariana e alertou o povo contra o comunismo e o secularismo emergentes que já dominavam muitos ambientes outrora católicos, especialmente nas cidades.

As revelações que ele recebeu em sua caverna na majestosa e árida Ilha Vedrá foram verdadeiramente proféticas. A ele foi dado a conhecer a missão atribuída por Deus para lutar contra a Revolução em seu tempo, especialmente como um exorcista contra os muitos demônios que infestavam o povo daquela era de revolta contra a autoridade.

O Anjo do Apocalipse apareceu a ele em sua caverna naquela ilha rochosa estéril e lhe disse sua missão: "Eu sou o Anjo falado no Capítulo XX do Apocalipse. A custódia da bandeira do Carmelo foi confiada a mim junto com os filhos desta Ordem. … Venho a ti enviado por Deus para instruir-te sobre o futuro da Ordem à qual pertences, para que conheças a missão que deves cumprir e sua forma.”

“Tu és o grande profeta dos filhos da Ordem; serás meu dedo e o dedo de Deus, e meu braço nas batalhas contra os demônios e contra a Revolução. Para que tua Fé não vacile no dia da batalha, Deus me enviou a ti que vives nos desertos e estás atento à sua voz, para instruir-te sobre a matéria e o propósito do ofício de Exorcista.” (3)

Estimulado pela instrução celestial e sua percepção de que os poderes do diabo seriam liberados com fúria ainda maior nos dias futuros que Deus lhe mostrara, ele viajou para Roma em 1866 e novamente em 1870 para apresentar ao Papa Pio IX a necessidade de uma ordem especial de padres exorcistas. Ele também pediu que os poderes totais do exorcismo fossem concedidos a cada padre.

Percebeu que Satanás, “o Pai da Revolução,” tinha que ser expulso do mundo. Essa Revolução, ele declarou, começou com a primeira revolta de Satanás contra Deus e terminaria com a vitória de Deus nos Últimos Tempos:

"Satanás é o pai da Revolução. A Revolução é sua obra. Ele a começou no Céu, e ela se perpetuou entre os homens de era em era.

"Pela primeira vez depois de 6.000 anos, ousou assumir, diante do Céu e da Terra, seu verdadeiro e satânico nome: Revolução! Seu lema é o do próprio diabo: 'Eu não obedecerei.' Satânico em sua essência e com a intenção de derrubar toda autoridade, seu objetivo final é a destruição total do Reino de Jesus Cristo na Terra.” (4)

Os planos de Palau foram recebidos favoravelmente pelo Papa e ele foi autorizado a discursar aos Bispos no Concílio Vaticano I. Infelizmente, porém, o Concílio foi interrompido com a invasão militar de Roma, e o assunto foi abandonado. De fato, ele previu essa parada violenta do Concílio:

“O que o Concílio realizará?” Ele respondeu: “Ele organizará o apostolado, mas as forças invisíveis [dentro da Igreja], trabalhando com os poderes políticos do mundo, impedirão a pregação das verdades católicas e, pela força bruta, impedirão que esta missão dê seus frutos.” (5)

Ele também previu que o Papa seria despojado de seus Estados, que a Rainha Isabel II seria destronada e que Barcelona sofreria uma grave praga de cólera. A história ratificou essas e muitas outras profecias do célebre carmelita. (6)

Francisco Palau foi chamado de o maior exorcista da História. Ele só realizava exorcismos solenes quando autorizado pelo Bispo, uma permissão frequentemente negada por causa da corrupção de muitos dos Prelados. Mas nesses casos não foi necessário: os demônios literalmente fugiam da sua presença.

O Beato Palau acreditava que satanás, o pai da Revolução, tinha que ser expulso do mundo. Prevendo que seu ideal não seria realizado, o Beato Palau previu que Deus daria uma assistência extraordinária no futuro. Deus daria ao mundo um “Restaurador” nos Últimos Dias, um homem “conectado de alguma forma à ordem carmelita que receberia “a missão de Elias.”

“Ele invocaria o castigo sobre uma humanidade pecadora, expulsaria os demônios e inauguraria a era de paz que iniciaria um novo e glorioso tempo para a Igreja e a sociedade. (7)

Milagres e retorno à Espanha

Com as profecias e exorcismos, os milagres aconteceram. Sua pequena panela sobre o fogão reabastecia para aqueles que vinham até ele com fome. Ele tocou os ouvidos de um surdo na Plaza de Catalunya com os dedos e o homem foi instantaneamente curado. Uma mulher, aleijada e paralisada, veio à sua ermida e saiu andando e curada. Em Aitona, ele livrou a cidade de inúmeras pragas, uma seca e outra de cólera. Muitos milagres também ocorreram por meio da imposição do santo escapulário.

Além da fundação de um ramo da Ordem Carmelita, nas Ilhas Baleares ele também pregou missões populares, propagando a devoção mariana por onde passava. Foi aqui que ele entronizou o primeiro Santuário Mariano da ilha em homenagem a Nossa Senhora das Virtudes, a quem ele tinha uma devoção especial.

O Beato Palau dirigiu tudo à Santíssima Virgem Maria porque, ele disse, ela possui todas as virtudes no mais alto e exaltado grau. Ele sempre insistiu na ligação íntima de Nossa Senhora com a Igreja, repudiando o protestantismo que estava se espalhando no continente. Ele escreveu: “Ver Maria é ver a Igreja, contemplar Maria é contemplar a Igreja, amar Maria é amar a Igreja.” (9)

Em 1861, um decreto real permitiu seu retorno à Espanha, e lá o Pe. Palau pregou os sermões da Quaresma diante da nobreza de Madri na Igreja de San Isidro diante da Rainha Isabel II, que havia se tornado mais conservadora sob a orientação de Santo Antônio Maria Claret, ex-Arcebispo de Cuba.

Agora, a Rainha acolheu o outrora vilipendiado Profeta Carmelita e deu-lhe permissão para pregar missões por toda a Espanha. Da maior cidade ao menor vilarejo, dos púlpitos dourados às capelas mais pobres, o Pe. Palau se dirigiu a nobres e camponeses, ricos e pobres, explicando-lhes as grandes verdades da Fé, exortando-os a lutar contra a Revolução e o Comunismo que estavam se infiltrando no país, e explicando as influências angélicas e demoníacas na vida diária.

No próximo artigo, veremos suas profecias sobre a derrota de Satanás nos Últimos Tempos, o grande Restaurador enviado por Deus naqueles tempos e a era de paz que será estabelecida após a derrota de Satanás.

Continua